sábado, 22 de mayo de 2010

porque

Sobrevivo porque escucho.
Porque absorbo y me adapto.
Porque pincho y me defiendo.
Porque ya no dejo entrar a cualquiera.
Porque incluso a los que quiero, nos los dejo entrar siempre.
Porque me olvido de mi.
Porque olvido miles de partículas dolorosas y otras tantas hermosas ya que los recuerdos son engañosos.
Porque aun tengo sueños aunque no piense en ellos.
Porque algún día alguien me dirá “te quiero, aunque tengas pinchos”.

lunes, 10 de mayo de 2010

Ritmo


Y dicen, que incluso en el lodo y en el agua estancada pueden nacer flores.
Con perfume, color y textura suave.
A parte de los condicionantes biológicos que permiten su existencia, tal vez sea también una sutil metáfora dirigida a nosotros.

Seres pensantes, capaces de gestos atroces y hermosos.
Quizás también sea cierto, eso de que el tiempo devuelve todo a su lugar, y no por voluntad ajena o divina, pero si por una orden natural y al mismo ritmo del ciclo de la vida.

viernes, 7 de mayo de 2010

Despedida

Vi-os caminhar como quem já percorreu muito, ao mesmo passo.

A distancia mantinha-se a mesma, entre os corpos.

Recordou-me a teoria dos grafólogos, sobre a continuidade na escrita, a distancia entre palavras.

À procura da constância.

Chovia. Gotas grossas de Maio frio.

Ele empurrava o carrinho do bébé com o olhar fixo num ponto longínquo e invisível.

Ela fazia gestos sem pressa, de quem se deteve a contemplar o ritmo do mundo.

Despediu-se da criança com um abraço de olhos fechados, para que a memória nao lhe falhasse quando a saudade a assaltasse.

À entrada do metro parou uns segundos a vê-los afastarem-se.

Ele disse adeus sem deixar de fixar o ponto.

Pelos olhos dela passou uma despedida silenciosa, de alguém que se conheceu e tivesse morrido, porque se deixou de poder reconhecer.

Chovia e a entrada do metro soltava uma aragem morna.