martes, 30 de noviembre de 2010

todo lo que se desborda

Me quedo con todo lo que se desborde de una vida planificada.

Las emociones, todo lo que me haga temblar el alma, la esquina de mis labios, el latido que no controlo, la punta nerviosa de los dedos, las cobardes rodillas, todo lo que crece a partir de ahí y desemboca en otro lugar a que vulgarmente llamamos sentimientos.

viernes, 26 de noviembre de 2010

desencontro


Agora estou aqui para ti – Não entendo nada, espera - Ainda estou mas não te mostro – É paz, ou não é ?- A ansiedade, sempre a maldita ansiedade – Não entendo, não consigo pensar – No fundo nada me prende a nada, nem a ninguém – Mas sinto a tua falta – Sinto a minha falta e o mundo está fora das tuas quatro paredes - Não quero dar-lhe nome, porque é que tudo tem que ter nome? – Estou à procura do quê? Tenho medo - Deixo-te ver só um bocadinho, tenho medo, de quase tudo – Não é de ti, é de mim – Outra vez, porque é que te deixei entrar?

*****

Será que alguns de nós poderíamos, por vezes, encontrar-nos no meio do caminho ao mesmo tempo? Nem em cima, onde quase sempre a euforia da luz provoca cegueira, nem em baixo, onde a dor também nos deixa sem capacidade de visão.

Simplesmente no maravilhoso meio, onde se divide o antes e o depois, onde a estrutura pode apoiar-se num eixo, onde a experiência e o desconhecido ficam repartidos em metades iguais.

Será o mito do eterno desencontro…

martes, 23 de noviembre de 2010

la serenidad no tiene peso

Para donde se escurre una decisión?

Cuan tenue es la línea por donde se desborda la realidad al territorio del sueño?

Mi serenidad es ser libre de emocionarme, sin leyes, prejuicios, normas, sin rencor, sin sentir el peso del juicio de los demás, tal como no siento mi peso cuando camino.

Tal vez porque un día, hace un siglo, he mirado la muerte a los ojos y ella no quiso llevarme, me condenó a ser agua.

http://www.youtube.com/watch?v=avvkMWvGaFo&feature=related

sábado, 20 de noviembre de 2010

memoria

En la cocina olía a té moruno y las yemas de mis dedos conservaban el aroma de la hierba buena. Una brisa que aún pertenecía al otoño entró por la ventana abierta, agitó el avión de juguete con suavidad para después morirse contra mis cabellos. Una caricia de una mano invisible, un olor tan antiguo como mis memorias, que a veces me garantizan que llevo 200 años viva.

Mi abuela, sus manos muy, muy arrugadas, sus palabras sabias susurradas. Aroma de canela y manzana ahogando la hierba buena, otra cocina con techos altos, yo con el corazón desnudo y la cabeza enterrada en su pecho, tan delgado como el mío.

Regresé a mi cocina y hacía mucho frío.

He cogido con mucho cuidado ese corazón desnudo y lo deposité en un cajón del congelador. La brisa volvió a acariciarme y cerrando los ojos he podido ver a mi abuela sonriendo mientras me ayudaba a cerrar la puerta del congelador, muy despacio.

viernes, 12 de noviembre de 2010

sentido proibido

Hoje, nessa rua em que me habituei a circular em sentido proibido, por saber que era aí que te ia encontrar, tive a minha resposta.

A bicicleta rolou suavemente, espreitei a mágoa na boca da rua (como sempre) e os meus olhos encontraram finalmente os teus. Desviei-os um micro segundo, à procura do equilíbrio nas duas rodas e dentro de mim, quando voltei aos teus, eles já estavam fixos no chão.

Parei, lutei contra o pânico, contra o meu peito que ameaçou denunciar-me, parei e esperei.

Tive a minha resposta, a girar uma esquina do bairro do Raval , numa rua que sabia ser de sentido proibido.

viernes, 5 de noviembre de 2010

Que significa

Puede ser sinónimo de complicidad. Una fabrica de decepción. Ser una inundación de miedo, rabia contenida, cansancio. Ser un regalo. O simplemente una mentira más.

Tu silencio visita el mío.

jueves, 4 de noviembre de 2010

Idade Média?


Nunca entenderei porquê como indivíduos organizados em grupo evoluímos tão pouco num espaço tão grande de tempo.

Já nem sequer me refiro às injustiças sociais, à falta de solidariedade e de voz por parte daqueles que têm o poder de o fazer.

Refiro-me a resignação gratuita, quando no fundo (e à superfície) estamos descontentes, insatisfeitos, em desacordo com muito do que nos envolve sem pedir licença.

Porque é que metade da cidade de BCN tem de parar pela visita do Papa? Mais da metade dos cidadãos não é católica, nem praticante, não acreditamos no Paraíso e muito menos no Inferno, para isso já temos a vida.

Transito cortado, pessoas literalmente impedidas de entrar e sair de casa, helicópteros a sobrevoar a cidade e um aparato policial que faz lembrar um filme de ficção científica.

E o Papa parece-me um dos amigos virtuais do “Fuckbook”, que, de alguma forma, deixamos que faça parte das nossas vidas sem saber nada sobre ele.