domingo, 14 de febrero de 2016

14 de Fevereiro








A minha mãe nasceu no dia de São Valentin, mas duvido que uma coisa esteja relacionada com a outra.
O 2º foi educado para o amor. A 1ª repetiu durante 9 meses que o amor não se se educava, que era instintivo.

viernes, 29 de enero de 2016

Inoyumo

Não deve ser por acaso, que este processador de texto me soe como um quarto de hotel, mas hoje são os anos do Miguel, um dia bom para voltar a sítios onde  inspiro devagar, com surpresa. Mudei de trajectória, agora voo em esquina e repouso em arestas.

martes, 19 de marzo de 2013

Bougainvillea


A primeira flor de Bougainvillea já não deve demorar...
A bicicleta pesa menos.
Os olhares da pessoas são escuros.
Na rua ouço alguém perguntar se o Chipre é um país.
No Inem só há sombras, desde os gestos nervosos dos dedos, até aos papeis dobrados na mão e as dobras da alma, já para não falar dos olhos fundos como um poço.
Então encontrei-a a ela.
  • Afinal sempre nos encontramos no Inferno...
Rimo-nos e demos um abraço longo.
Depois tomámos café com a pressa dos que têm sol numa terça a meia-manha.
Falamos da raiva, da impotência, da necessidade de pôr bombas, de todos os que conhecemos que estão desempregados, de não haver esperança e sentir-se encurralado... Depois disse-me que está a trabalhar como voluntária numa casa de acolhida a bebés mal-tratados e entregues aos serviços sociais.
Vi uma luz longa nos gestos dela e o mundo tornou-se um pouco menos frio, muito menos vazio de sonhos.
Enquanto houver gente assim, as lágrimas e o riso têm sentido.
A primeira flor de Bougainvillea já não deve demorar...




martes, 19 de febrero de 2013

Mediterrâneo

                                                                           Foto:Laura Olmos Bonet



Um lugar inocente, beleza, vida.
A luz do Mediterrâneo a brincar nas escamas metálicas do peixe do Gehry.
Gente a correr, cães e bicicletas.
Uma mulher encostada à paragem do autocarro. Os olhos fixos no mar azul, uma mão a apertar o fio do pescoço, a outra a abraçar uma capa transparente recheada de folhas e os lábios a mover-se em reza.
Lá dentro, vi um casal abraçado a chorar e gente com o olhar perdido no mesmo mar, à espera de respostas, ainda que líquidas.
Apertei a mão da minha filha e fiz-lhe cócegas até ela deixar de olhar em volta.
A dermatologista era portuguesa. As covinhas do sorriso dela lembraram-me os telhados da Mouraria cheios de sol.
Depois mandei 3 mensagens a dizer o mesmo:tudo bem. Mas quando o mar passou a deslizar pela janela do autocarro, eu senti como uma parte do meu olhar mergulhou fundo e devagarinho no Mediterrâneo.
Ficou lá, voltei sem ela, porque me sinto mais leve.  

miércoles, 12 de diciembre de 2012

asas


Pousou as asas com vagar enquanto soltava as palavras:
Estou farto da vossa raça.
Estou farto.
Quero ser apenas mortal e abandonar-vos à vossa sorte.
Às vezes não percebo se vocês são filhos da puta disfarçados de boas pessoas, ou boas pessoas a fingir que são filhos da puta.
Serão as duas coisas. - Fez uma careta de resignação.

Eu não respondia, não dizia nada, os meus olhos seguiam os dedos dele, a encher de folhas os pés da minha filha.

Não te preocupes a tua filha vai voar. Disse-me antes de partir.

E eu que nunca acreditei em seres angélicos esvoaçantes, pensei que se calhar era agora, que sem ninguém a cuidar de nós, éramos capazes de ser uma raça a valer, que cuidássemos uns dos outros e pudéssemos dar asas aos filhos. 




viernes, 28 de septiembre de 2012



Pé ante pé escalo os degraus.
Desgastados mesmo no meio. Por lá já passaram muitos.
Quase sempre há silêncio. Nunca se ouve mais nada quando está o medo?
Subo, escalo, trepo.
Apesar da vertigem, apesar da imaginação. Escapo ao que me persegue. Os fantasmas já não entram. Abandonei-os. É a vez do medo, no degrau liso e gasto que me deixará mais leve.

martes, 25 de septiembre de 2012


Hoje, 25 de Setembro, eu não estava em Madrid, mas vi. Vi tudo e em directo.
Chorei. E não tenho vergonha. Chorei de impotência e de raiva.
Pelas cargas policiais de gente que ainda não deu conta de que também é povo.
Porque os filhos da puta que estavam dentro do Congresso e que amanha continuam a ter trabalho, direito a saúde em clínicas privadas, escola de elite para os filhos, e todos os extras que muitos já nem nos lembramos quais são, negam uma vida com dignidade a todo um povo.
Pela coragem de uma multidão imensa que se atirou à polícia em defesa própria e que continuou a cantar el pueblo unido jamas será vencido.
Chorei porque não estava em Madrid e porque quero o meu futuro de volta.