viernes, 7 de mayo de 2010

Despedida

Vi-os caminhar como quem já percorreu muito, ao mesmo passo.

A distancia mantinha-se a mesma, entre os corpos.

Recordou-me a teoria dos grafólogos, sobre a continuidade na escrita, a distancia entre palavras.

À procura da constância.

Chovia. Gotas grossas de Maio frio.

Ele empurrava o carrinho do bébé com o olhar fixo num ponto longínquo e invisível.

Ela fazia gestos sem pressa, de quem se deteve a contemplar o ritmo do mundo.

Despediu-se da criança com um abraço de olhos fechados, para que a memória nao lhe falhasse quando a saudade a assaltasse.

À entrada do metro parou uns segundos a vê-los afastarem-se.

Ele disse adeus sem deixar de fixar o ponto.

Pelos olhos dela passou uma despedida silenciosa, de alguém que se conheceu e tivesse morrido, porque se deixou de poder reconhecer.

Chovia e a entrada do metro soltava uma aragem morna.

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