lunes, 23 de abril de 2012

De libros, dragones y facebook

Casi se me escapa el día mundial del libro... y eso porque Facebook y sus gestores virtuales me han bloqueado la página de leyendosehacecamino sin ningún tipo de explicación sino las del tipo que no solucionan nada y son lo más subjetivas posible.
En fin... nada que no tenga arreglo, aunque sea cambiándose a Google +...


No ano em que cheguei a Barcelona morreu o Vázquez Montalban.
Procurei com prazer antecipado a sua personagem mais sedutora, Pepe Carvalho, detective, ex-agente da CIA, ex-estalinista, gastrónomo-gourmant e queimador de livros. Procurei-o na parte velha da Cidade: no Bar Pinocho dentro do Mercado da Boqueria, na Casa Leopoldo da Calle Sant Rafael e em todo o Bairro do Raval, mesmo apesar da praga dos restaurantes «fashion» (verdadeira heresia para um amante da cozinha como o detective Carvalho).
Pepe Carvalho tem uma lareira continuamente acesa e queima livros num acto de despudorado cinismo, alegando que a cultura não o ensina a viver, já que esta funciona como um filtro entre a realidade e uma resposta a essa mesma realidade.
Mas, como creio que, ainda que não me ensinem a viver, os livros trazem mais claridade à minha vida, procuro-os sempre que posso e, como forma de agradecimento pelo imaginário catalão que me ofereceu o Montalban, compro sempre um livro seu no dia de Sant Jordi (sim, o mesmo, mesmíssimo S.Jorge que deu cabo do dragão).
Quando chega Abril e a humidade já quase se pode apalpar (ou talvez seja a transpiração condensada de centenas de turistas) espero com ansiedade o dia 23 para folhear o meu livro novo (ou novo/usado) sentada na esplanada do Papitu, no Plata ou numa mesa escura e fresca dos Toreros.
Para encontrar o detective é necessário seguir um verdadeiro labirinto de restaurantes e bares de tapas...
A Diada de Sant Jordi junta ao dia dos namorados da Catalunha (do qual S. Jordi é padroeiro) a comemoração do dia do livro. O resultado da combinação são ruas repletas de rosas de polpa aveludada e postos de vendas dos livreiros, das editoras alternativas e também das certeiras publicações da CNT.
Reza a tradição que as mulheres oferecem um livro à sua meia-laranja e os homens retribuem com uma rosa e uma espiga de trigo (símbolo da fertilidade). Mas como nem só de rosas vive a mulher e a tradição felizmente já vai vestindo calças, nos últimos anos são cada vez mais os que escolhem oferecer os dois prazeres: paixão e sabedoria.
Assim, seguindo fielmente a tradição de oferecer a mim mesma um grão de sabedoria (a paixão deixo-a a cargo de outros), em Abril passado comprei “Los pájaros de Bangkok” (Pássaros de Banguecoque – Editorial Caminho) e folheei-o acompanhado de tostas de tomate e anchovas regadas por um “Rioja” reserva, que o Sr. Montalban não merece menos.
Mas não foi suficiente. Voltei às Ramblas e fui buscar o “Asesinato en el Comité Central” (Assassinato no Comité Central – Edições Asa) a um stand de livros frente à Rua Arc del Teatre, mesmo ali ao lado do Cemitério dos livros do Ruiz Zafón.
Como o fim do mês é doloroso para (quase) todos, não pude repetir o “Rioja” mas também não podia trair o Pepe Carvalho tragando-o sem acompanhamento: brindei-o com um pires de peixinhos fritos e um rosé da casa no Bar do Plata, porque, como diz o Pepe Carvalho: “El sexo y la gastronomía son las cosas más sérias que hay.”
Eu adiciono-lhe os livros.




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