jueves, 4 de junio de 2009

Porto Maldito



Deitada na cama ouvia o ruído que se escoava pela janela entreaberta.
O som dos risos.Que som absurdo...
O calor sufocante, de uma Cidade poluída.
O meu peito era um poço.
Eu fui sugada por mim mesma.Como um buraco negro.
O Universo dentro do poço.
O negro sem estrelas.
O poço no centro.
O centro, um ponto.
Um ponto no Infinito.
Ficou o centro vazio.
Vazio, cheio,vazio, cheio.
Queria que me cortassem um dedo, para que a dor se fosse, a outro ponto de mim.
E as gaivotas, Meu Deus, as putas das gaivotas, que prolongavam o meu peso, em gritos agudos, sarcásticos, desesperados por falta de palavras.
Um riso maldoso.
A mulher do andar de baixo, que nao parava de varrer.
As partículas de pó, que subiam em espiral até se desfazerem contra a clarabóia, rodeada de Deuses de estuque.
Sussurros, gritos, murmúrios, era tudo um mesmo vento sem correntes.
Morri naquele quarto sem fim.
Quando acordei, só me restava levantar, e lançar-me pelas ruas como uma folha de papel.



Gaveta arrumada.

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